O ano de 2019 foi extremamente importante para o crescimento da energia nuclear no Brasil e no mundo. Novos reatores foram inaugurados, com sistemas avançados de geração e segurança. Outros estão em fase de construção em muitos países como na China, Índia, França, Reino Unido, Finlândia, Rússia, Paquistão, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Brasil e Estados Unidos. Outro marco importante foi a inauguração, na Rússia, da primeira Usina Nuclear Flutuante, que já está gerando energia na Sibéria. Há em desenvolvimento projetos de construção de pequenos reatores nucleares (SMRs). São reatores que podem ser instalados em lugares distantes para atender a população, como na Amazônia, por exemplo, onde há algumas cidades ainda sem energia ou com alto custo de geração e distribuição.


A Rússia, através das Rosatom e suas subsidiárias, já tem grande parceria com o Brasil em diversas áreas do segmento nuclear. Tanto na medicina nuclear, como no fornecimento de urânio e de combustível nuclear. A empresa está interessada na construção de novas usinas no país e esperando para o início do ano a divulgação do projeto de participação público-privada que a Eletronuclear está finalizando para o término da construção de Angra 3. Dentro do projeto Perspectivas 2020, nós ouvimos nesta segunda-feira (30) o Presidente  Rosatom para América latina, Ivan Dybov,  para que ele pudesse expressar suas opiniões:


– Como foi o ano 2019 para o setor nuclear?

Este ano foi extremamente importante para o setor energético do Brasil e, em particular, para energia nuclear. O governo confirmou suas intenções de concluir a construção da usina nuclear “Angra 3” e construir um parque de novas usinas nucleares de alta potência. A Rosatom está interessada em contribuir para o desenvolvimento da energia nuclear do país. Estamos em diálogo com a empresa de energia Eletronuclear para explorar as possibilidades de implementar projetos conjuntos.


Além disso, recentemente o governo brasileiro anunciou a retomada da mineração de urânio natural e o aumento da produção de combustível nuclear. Dessa maneira, vemos a direção do ciclo de combustível nuclear, como uma das mais promissoras para a cooperação, e nós temos experiência positiva: a Rosatom já pelo terceiro ano consecutivo fornece urânio natural para as necessidades das usinas nucleares do Brasil de acordo com os resultados das licitações.


Considerando a dinâmica positiva da cooperação bilateral, em novembro, a TENEX (Techsnabexport, subsidiária da Rosatom) e a empresa brasileira Indústrias Nucleares do Brasil (INB) assinaram um acordo de intenções, no qual confirmaram sua disponibilidade para implementar projetos conjuntos em toda a cadeia do ciclo de combustível nuclear. Gostaria de remarcar, que a cooperação com a Rosatom nessa área pode trazer benefícios adicionais aos nossos parceiros, na forma de novas oportunidades para o desenvolvimento de competências, ciência e treinamento dos recursos humanos.


Além disso, no ano de 2019, o Brasil mostrou interesse em reatores modulares pequenos (SMR) de design russo. Recentemente, a convite da parte brasileira, a Rosatom realizou seminários sobre esse tema no Ministério de Minas e Energia do Brasil, em Brasília, e no escritório da empresa estatal de engenharia Amazul, em São Paulo. Os reatores modulares pequenos (SMR) podem se tornar uma solução confiável para o desenvolvimento de regiões isoladas do Brasil, que devido às suas características geográficas, não têm acesso à eletricidade em volumes que satisfaçam plenamente as necessidades da população local. A Rosatom já expressou a sua disposição de estudar, juntamente com a parte brasileira, locais específicos adequados para sua colocação, a fim de avaliar como a aplicação da tecnologia SMR poderá influenciar na vida da população local, no meio ambiente e no desenvolvimento socioeconômico das regiões do país.


Também no ano 2019, a Rosatom conseguiu intensificar a cooperação com o Brasil no campo tão tradicional para nós como a medicina nuclear. Em particular, foram aumentados os volumes de fornecimento de molibdênio-99, o que possibilitou compensar a escassez desse isótopo causada pelo desligamento de reatores de pesquisa em outros países. Agora a Rosatom fornece molibdênio-99 e iodo-131, como também está constantemente expandindo sua linha de produtos. Centenas de milhares de procedimentos diagnósticos e terapêuticos são realizados anualmente usando nossos materiais. Estamos muito orgulhosos pelo fato, que podemos fazer uma contribuição significativa na luta contra as doenças oncológicas no Brasil.


– O que você espera do ano 2020?

No ano 2020, a Rússia vai presidir o BRICS. Este é um bom ímpeto para a intensificação da cooperação bilateral, apesar da distância de mais de 11 mil quilômetros que separa os nossos países. Em meados de novembro, o presidente da Rússia Vladimir Putin e o líder brasileiro Jair Bolsonaro se reuniram na cúpula do BRICS e, pouco depois, o presidente do Gabinete Onyx Lorenzoni realizou em Moscou um seminário de alto nível sobre “Oportunidades de Investimento no Brasil”. Em seu discurso de boas-vindas, ele remarcou a importância da cooperação entre nossos países no campo nuclear.

Agora, a cooperação na implementação de projetos para a construção de usinas nucleares de alta e baixa potência, bem como na área do ciclo do combustível nuclear, são umas das direções mais promissoras. Nós esperamos que, num futuro próximo, a Eletronuclear vai apresentar um modelo de negócios de parceria entre o estado e as empresas privadas, para a implementação do programa nuclear nacional. Temos a esperança, que esse modelo de negócios seja mutuamente benéfico e nos permita começar a implementação direta de projetos já no próximo ano.


– De que maneira é possível impulsionar o desenvolvimento dos seus negócios?

Atualmente, o Brasil recebe mais de 70% de sua eletricidade de fontes renováveis, incluindo energia “verde” – usinas de energia solar e eólica, – e sua participação continua a crescer. A Rosatom compartilha essa abordagem, pois ela permite aproximar-se da conquista dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.

A energia nuclear também é uma das fontes da energia “limpa”, no entanto, no momento atual fornece menos de 3% das necessidades da população local. A implementação dos planos do Brasil para o desenvolvimento da indústria, daria ímpeto não apenas ao mercado de energia, mas também à economia do país como um todo.

Além disso, este ano, como parte do programa nuclear brasileiro, é retomada a mineração de urânio natural e está iniciando o processo de liberalização desse mercado. O crescimento sequente dessa esfera também pode levar a mudanças positivas na economia do país e fortalecer a dinâmica da cooperação bilateral.


Link: https://petronoticias.com.br/archives/140823

PARCEIRA DO BRASIL EM VÁRIOS SEGMENTOS NUCLEARES, ROSATOM ESPERA 2020 PARA ANALISAR PARTICIPAÇÃO NA CONCLUSÃO DE ANGRA 3
PARCEIRA DO BRASIL EM VÁRIOS SEGMENTOS NUCLEARES, ROSATOM ESPERA 2020 PARA ANALISAR PARTICIPAÇÃO NA CONCLUSÃO DE ANGRA 3